quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Anarquismo Sem Adjetivos


"Não existem formas superiores de luta. A revolta precisa de tudo: papéis e livros, armas e explosivos ... A única questão que interessa é como combiná-los".


Se nós nunca nos chamamos de anarquistas insurrecionalistas, não é porque não queremos a insurreição, mas porque o nosso próprio temperamento nos predispõe a um anarquismo sem adjetivos. O mais importante é lutar pela liberdade e contra a hierarquia; nós imaginamos que isso vai exigir diferentes abordagens em diferentes situações, e que estas abordagens podem precisar uma das outras para ter sucesso. Nós somos anarco-sindicalistas no chão das fábricas, anarquistas verdes nas florestas, anarquistas sociais em nossas comunidades, anarquistas individualistas quando nos flagramos sozinhos, anarco-comunistas quando há algo para compartilhar, anarquistas insurrecionalistas quando acendemos um explosivo.
O anarquismo sem adjetivos não só se recusa a priorizar uma única abordagem sobre as outras, mas enfatiza a importância de cada aspecto do anarquismo à seus supostos opositores. O motim precisa da venda de alimentos para que possa voltar a acontecer, o incêndio criminoso precisa da campanha pública para ser compreendido, o assalto à supermercados precisa de uma rede de distribuição entre a comunidade para que se possa distribuir as mercadorias.
Todas as dicotomias são falsas dicotomias, até certo ponto, mascarando não só os pontos em comum entre as abordagens, mas também as outras dicotomias que se poderia experimentar em seu lugar. Observando de perto, o insurrecionalismo parece depender tanto da "construção da comunidade" quanto do "anarquismo enquanto estilo de vida" estarem virtualmente indistinguíveis na prática, para que ele possa ser bem sucedido. Se retirarmos esta distinção particular, que outras distinções podem surgir no seu lugar ?
Tudo isso não significa que os anarquistas individualistas não podem se concentrar em suas competências e estratégias preferenciais - simplesmente porque é um erro estabelecer as preferências pessoais de alguém como sendo universais. No final, como sempre, tudo isso se resume a uma questão de quais problemas você quer lutar, com quais obstáculos você se sente com mais predisposição para superar. Você prefere lutar contra hierarquias invisíveis em redes informais, ou desafiar a inércia estupidificante das organizações formais ? Você prefere o risco de agir precipitadamente, ou não agir por completo ? O que é mais importante para você, segurança ou visibilidade - qual delas você acha que vai mantê-lo mais seguro a longo prazo?
Não podemos dizer para ninguém quais problemas escolher. Só podemos fazer o nosso melhor para ressaltá-los. Boa sorte em suas insurreições - talvez elas possam se cruzar com a nossa.

Autoria: Coletivo Crimethinc (EUA). Fonte: Revista Rolling Thunder (Chapel Hill - EUA), número 8, outono de 2009.

3 comentários: