INFORMAÇÕES:
Título: ANARQUISTAS NO SINDICATO – Um debate entre Neno Vasco e João Crispim
Autor: NENO VASCO e JOÃO CRISPIM
Editora: BIBLIOTECA TERRA LIVRE & NÚCLEO DE ESTUDOS LIBERTÁRIOS CARLO ALDEGHERI
Idioma: português
Encadernação: Brochura
Dimensão: 18 x 11,5 cm
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: Novembro 2013
Número de páginas: 110
Preço: R$20,00
Título: ANARQUISTAS NO SINDICATO – Um debate entre Neno Vasco e João Crispim
Autor: NENO VASCO e JOÃO CRISPIM
Editora: BIBLIOTECA TERRA LIVRE & NÚCLEO DE ESTUDOS LIBERTÁRIOS CARLO ALDEGHERI
Idioma: português
Encadernação: Brochura
Dimensão: 18 x 11,5 cm
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: Novembro 2013
Número de páginas: 110
Preço: R$20,00
Abaixo
segue uma resenha do livro feita pelo companheiro Antônio Carlos de Oliveira,
membro do Centro de Cultura Social, de São Paulo (CCS/SP), texto este que foi
solicitado pelos membros do NELCA. Aos interessados em adquirir o livro, entre
em contato: nelcarloaldegheri@gmail.com
"As divergências entre libertários tem que ser cordiais. Cada militante
deve ter a sua própria personalidade, apresentar os problemas como melhor
interpretar, mas disposto sempre a corrigir erros e retificar sempre que se demonstrar
o equivoco e a falta de razão. O não compartilhar da opinião dos
demais, não estar de acordo com fulano ou beltrano não justifica tirar o corpo e não contribuir com a parte que lhe corresponde na hora de meter o ombro
na obra comum" (Fragua Social, nº 24, 10/80 de Jose Hiraldo).
A citação anterior foi uma das
primeiras coisas que me veio a mente com a leitura da obra “Anarquistas no
sindicato”, o quanto que apesar de Neno Vasco e João Crispim divergirem sobre
como deveria ser a atuação dos anarquistas e o papel dos sindicatos, ainda
assim, apesar de serem um pouco mais ácidos um com o outro, foram respeitosos e
mais, generosos durante todo o debate que se seguiu em jornais sindicais ou
anarquistas daqui e do exterior.
Na década de 80 frequentando o
Centro de Cultura Social tomamos contato com essa e outras questões
desconhecidas e até um tanto “polêmicas” que existiam no interior do movimento
anarquista.
Na época questionamos o Jaime
Cubero e o Antonio Martinez sobre questões como por que alguns se denominarem libertários ao invés de anarquistas, depois quando organizamos a
Liga de Trabalhadores em Ofícios Vários de SP porque a diferença entre
anarcosindicalistas e sindicalistas revolucionários.
O Jaime nos explicou que os anarcossindicalistas
preconizavam a ação dos militantes anarquistas dentro dos sindicatos para a
organização dos trabalhadores para luta por conquistas no campo econômico, o
que não diminui sua luta política, mas também para ampliar seu nível de
consciência revolucionária e mais, entender essa luta como parte do processo de
construção para uma nova ordem social. O ápice dessa luta poderia, por exemplo,
ser uma greve geral que culminaria com a organização dos trabalhadores dentro
dos seus locais de trabalho caminhando para a autogestão da produção e
consequentemente associados a outros trabalhadores também, como formas
diferenciadas de autogestão em nível de consumo eliminando o papel do
atravessador e do patrão.
Nessa concepção os anarquistas não
entendiam o sindicato como parte do movimento anarquista organizado e para
evitar maiores resistências não se auto proclamavam publicamente anarquistas,
algo inclusive desnecessário uma vez que para além de serem identificados com
rótulos deveriam se preocupar em ser reconhecidos pela força e coerência de
suas ações.
Segundo ele os sindicalistas
revolucionários defendiam que os anarquistas deveriam organizar sindicatos ou
influenciar esses para que adotassem as formas de organização e luta dos
anarquistas, ou seja, os sindicatos deveriam ser parte do movimento anarquista,
utilizariam os mesmos princípios de organização e luta do movimento anarquista
organizado.
O tema é polêmico e ambos o
reconheciam, mas, também, disseram isso nunca foi impedimento para a ação dos
anarquistas nos sindicatos e para que mantivessem para além dessa polêmica,
relações de militâncias cordiais e respeitosas, o que nos leva as palavras de
Anselmo Lorenzo.
"Vamos procurar aproximarmo-nos mais e entendermo-nos melhor, mesmo que
não seja para seguir o mesmo caminho, coisa que nem sempre é possível, mas pelo
menos para chegar ao mesmo tempo e o mais depressa possível ao ponto a que todos nos dirigimos”
(Proletariado Militante, Anselmo Lorenzo)[2]
Além da Liga o próprio CCS era um
espaço aberto ao publico sem filiação partidária[3], nele
pessoas ligadas a diferentes religiões e posições politicas foram convidados
para falar, era um espaço publico parte da sociedade civil, mantido e animado
por anarquistas.
As paginas dessa obra onde foram
tão bem selecionados que os artigos sobre as diferentes posições desses dois
grandes militantes anarquistas me levaram a outra recordação colocada na
citação que segue:
"... Ainda
que seja preciso cercar as obras que eles nos legaram com todo o respeito que
elas merecem, creio ser necessário fazer uma triagem impiedosa nos teóricos
anarquistas do século passado. E lançando sobre seus textos um olhar diferente
daquele do asceta que seremos mais fieis a eles. Uma tarefa urgente, visto que
a linguagem que eles empregavam perdeu seu conteúdo original e que e necessário
reinventa-la para se fazer compreender pelo homem do século XX agonizante"
(pag 08, Reflexões sobre a Anarquia, Maurice Joyeux, Terra Livre e Archipelago,
SP. 1992)
Quando
a falácia da luta entre capitalistas e comunistas autoritários, que apesar das
aparentes diferenças eram absolutamente iguais, segundo os capitalistas foi vencida
por eles, os mesmos criaram a ideia “do fim da historia”, do fim da luta de
classes o que nunca foi aceito pelos anarquistas, assim, reconhecida a falácia
que tantos como Bakunin, Kropotkine, Malatesta e outros por tanto tempo
anunciaram, uma enorme tarefa se coloca a nossa frente, o resgate dos
documentos e depoimentos daqueles que nos legaram historia do movimento
anarquistas no Brasil.
Ao
contrario do que a historiografia comprometida com seus interesses de classe ou
políticos que negaram ao anarquismo seu verdadeiro papel na historia, tentando
caracteriza-lo como “planta exótica” trazida por estrangeiros arruaceiros, ou
corrente politica utópica no seu sentido mais negativo como algo irrealizável
que pouco fez no Brasil, sendo praticamente extinto ainda na década de 20 do
século, ou igualmente correto, no milênio passado.
E
como afirma Joyeux e como muito bem faz essa obra é com vontade redobrada de
colocar em dia as versões mais coerentes da historia do anarquismo que
precisamos dar voz aos militantes do passado, trazer a luz sem negar ou
escamotear as dificuldades, polemicas, contradições, erros, bem como as
convergências, a solidariedade, a cumplicidade, o ato assertivo, a influencia positiva
que os anarcosindicalistas e sindicalistas revolucionários causaram em
diferentes aspectos da politica, economia, cultura, etc.
Dessa
forma é que manteremos vivo e homenagearemos aqueles que dedicaram sua vida a
militância anarquista, afinal o anarquista é o único que não espera redenção
divina, reconhecimento intelectual ou satisfação econômica com sua ação, luta
porque sabe que lutar é a única opção coerente com o ideal que abraçou.
Também
merecem parabéns os companheiros da Biblioteca Terra Livre de SP e o Núcleo de Estudos Libertários Carlos
Aldeghieri do Guaruja por essa importantíssima iniciativa, sem duvida estão
comprometidos com o resgate e a difusão da historia do anarquismo.
Essa
é uma das obras que nesse momento merece ser mais que lida, estudada para que
outras versões menos coerentes não venham diminuir o valor e a importância da
vida e obra de seus autores.
Antonio Carlos e Oliveira – Historiador e Professor de Historia. Dez 2013
[1] ANARQUISTAS NO SINDICATO. Um
debate entre Neno Vasco e João Crispim. Biblioteca Terra Livre e Núcleo de
Estudos Libertários Carlos Aldeghieri. SP e Guarujá. 2013.
[2]
Poucos
dias depois veio o Martins com um papel onde estavam algumas citações sobre a
questão das relações entre os anarquistas entre essas a de Jose Hiraldo e a de
Anselmo Lorenzo.
[3] Jose Oiticica afirma que
os anarquistas enquanto parte de um todo são também uma forma de partido
politico, contudo, sem os mesmos objetivos e estratégias para chegar ao
controle do poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário