1951 – Desembarca no porto de Santos, o imigrante italiano Carlo Aldegheri. Junto a sua bagagem, Carlo, com cerca de 50 anos, trazia uma intensa história de militância anarquista, desde sua atuação quanto objetor de consciência, em período correspondente a Primeira Guerra Mundial, participando de reuniões e debates anarquistas na França, participando de manifestações antifascistas, atuando junto a Milícia Alpina de Sabadell, em Aragão, na Espanha, nos embates contrários a investida nazifascista naquele país na chamada Revolução Espanhola, militância que lhe custou prisões, fugas e tiros. Preso em campos de concentração, conseguindo sobreviver graças a sua habilidade profissional de sapateiro. Aqui chegando, arruma trabalho, junta dinheiro e no ano seguinte desembarca no mesmo porto sua esposa e companheira Anita e sua filha Primavera.
Desde sua chegada ao Brasil, manteve contato e colaborou com o movimento anarquista brasileiro, através do Centro de Cultura Social, de São Paulo, e Nossa Chácara, participando de reuniões e até mesmo financeiramente. Com o esforço de seu trabalho contribuiu, inclusive, com a doação de uma gráfica, junto a outros companheiros, e com a doação de um terreno na cidade do Guarujá, local onde morou desde os primeiros anos em que chegou ao Brasil. Ajudou também companheiros que passavam por necessidades pessoais, econômicas, entre outros. Outra colaboração de Aldegheri, foi a tradução e publicação do livro “Preanarquia”, do militante italiano e companheiro de Carlo, Randolfo Vella.
Faleceu aos 93 anos de idade, no dia 04 de maio de 1995, na cidade do Guarujá. Faleceu crendo no anarquismo enquanto um ideal potencializador para uma sociedade mais justa, livre e humana, como ele dizia: “O anarquismo é uma luz no fim do túnel”.
2010 – Militantes anarquistas, que se encontravam dispersos na cidade do Guarujá, resolvem se aproximar, se reunirem, estudarem e debaterem textos anarquistas. Tem início o Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri, que após a leitura, análise, debate e reflexão de uma série de textos, seus militantes definem sua concepção anarquista de atuação e lança sua carta de apresentação apresentando suas propostas de atuação, principalmente, a difusão, propaganda e ação anarquista, junto a outros coletivos libertários e sociais e a abertura de uma biblioteca contando com o material acumulado por esses indivíduos com o passar do tempo.
08.12.2012 – Na cidade do Guarujá, é aberta as portas da Biblioteca Carlo Aldegheri. Esta biblioteca é resultado dos esforços e vontades somadas ao antigo sonho dos militantes do Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri, de tornar de acesso público os diversos materiais (livros, revistas, jornais, panfletos, etc.) adquiridos com o passar do tempo. Uma série de documentos obtidos através de compras, trocas, doações de antigos militantes como Edgar Rodrigues, Diego Gimenez Moreno, União Libertária da Baixada Santista, um rico acervo informativo, tendo em sua grande parte a temática anarquista em suas variações (ecologia, sindicalismo, feminismo, artístico, etc) mas contando também com materiais relacionados aos diversos assuntos como literatura, marxismo, contracultura, gênero, entre outros.
Com esta biblioteca e este acervo objetivamos não ser apenas um espaço para pesquisas com fins acadêmicos, mas também, e principalmente, a formação política libertária dos/as indivíduos/as e coletivos que se interessem e buscam informações de uma perspectiva ácrata, já que há uma grande carência deste conteúdo temático na região em que estamos inseridos, além de compreendermos que a luta libertária é uma luta histórica, que vem se desenvolvendo com o passar dos anos, dos séculos, e desta forma não é uma luta solitária, mas sim uma luta solidária, que visa a construção de um novo mundo, de uma nova sociedade, para novos homens e novas mulheres, visando uma existência sadia, justa, humana e livre.
Acreditamos que a Biblioteca Carlo Aldegheri, é um espaço de EMANCIPAÇÃO & LUTA, sendo o conjunto de nosso acervo, ser um verdadeiro arsenal para a desconstrução e destruição do Poder e de todos seus tentáculos, pois reconhecendo e refletindo as lutas do passado, e do presente, suas estratégias, conquistas e derrotas, além das artimanhas estatais e capitais, podemos criar novos métodos de ação e vivência visando a construção de um melhor futuro.
O material que segue abaixo é uma justa homenagem ao militante Carlo Aldegheri que sempre teve no anarquismo seu norte, trazendo um pouco de sua história ao conhecimento daqueles que acompanham nosso blog e nossas atividades, além de acreditarmos, ser uma bela comemoração do que estamos conquistando com o Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri e ao aniversário de 1 ano da Biblioteca Carlo Aldegheri. Iniciamos com um texto dos/as companheiros/as Marcolino Jeremias e Liana Ferrerira, ambos integrantes do NELCA, intitulado “Anita e Carlo Aldegheri – um casal libertário” resultado de pesquisas e entrevistas, que teve sua publicação original na revista Letra Livre, n.? ano?, que em breve será incluída em uma publicação que estamos organizando para relembrar a trajetória anarquista de Carlo Aldegheri, que além do texto aqui apresentado contará de outros escritos sobre o Carlo e do próprio Carlo. Segue o texto “Carlo Aldegheri: dall Italia dal Brasile”, de Giorgio Sacchetti, publicado no periódico italiano Umanitá Nuova, n. 29 , anno 93, de 06 de outubro de 2013, onde além de apresentar uma breve biografia do Carlo, menciona o NELCA. E para encerrar, segue o prontuário de número 47.910, ou seja, a ficha policial de Carlo Aldegheri, localizado originalmente no Archivo Centrale Dello Stato, de Roma, documento este cedido pelo companheiro Nildo Avelino, membro de CCS/SP ao companheiro Marcolino Jeremias. Neste prontuário pode-se observar a intensa ação militante de Carlo Aldegheri, nos anos 30 e 40 do século passado. Inclusive se houver algum voluntário em traduzir este prontuário... já agradecemos antecipadamente.
No mais segue os sinceros votos de um próspero 2014 de Saúde, Luta & Anarquia!
Documento 1:
“ANITA E CARLO ALDEGHERI – UM CASAL LIBERTÁRIO”
Embora
tenham tido uma trajetória extremamente relevante para o movimento anarquista,
pouco se ouve falar sobre Anita e Carlo Aldegheri. São militantes que por muito
pouco não acabaram ficando no completo esquecimento e anonimato, inclusive por
parte dos próprios libertários...
É
exatamente por essa razão, que o presente texto possui a tarefa de reconstituir
a biografia militante desse ilustre casal e, ao mesmo tempo, prestar uma justa
homenagem a esses bravos companheiros que entregaram-se por completo para a
causa anarquista. Anna
Canovas Navarro Aldegheri, ou simplesmente Anita como os amigos a chamam,
nasceu em 3 de novembro de 1906, em Múrcia, na Espanha. Filha de Sebastiano
Canovas e Rosaria Navarro, um modesto casal camponês que trabalhou muito para
sustentar seus oito filhos. Por causa das dificuldades econômicas, Anita não
pode freqüentar muito a escola e logo aos 12 anos começa a trabalhar em uma
fábrica de tecidos, durante 2 anos.
Em
seguida mudou-se para Sabadell, uma região próxima de Barcelona, e lá trabalhou
por 18 anos, também como tecelã, em uma fábrica chamada “Sociedad Anónima
Cancuadras” que era filiada à C.N.T. (Confederación Nacional del Trabajo), a
maior organização operária da época, de tendência anarco-sindicalista. Foi
nesta mudança de cidade, que Anita conheceu a pessoa que seria o seu
companheiro por toda a vida.
Carlo
Aldegheri nasceu em 22 de fevereiro de 1902, em Cadiero, na região de Verona,
na Itália. Filho de Mose Aldegheri e Scartossoni Maria, um casal de lavradores
que teve quatro filhos e cinco filhas. Ajudou seus pais no cultivo da terra e
com 14 anos trabalhou para o governo italiano durante a primeira guerra
mundial. Freqüentou pouco tempo a escola, pois também foi obrigado a dedicar-se
ao trabalho.
Quando
foi convocado para prestar o serviço militar obrigatório, Carlo atravessava uma
época de muitas incertezas, porém, estava firmemente decidido que não queria
ser um soldado, nem obedecer ordens e muito menos matar seus semelhantes. Foi
essa convicção que o fez mudar-se para a França, onde se reuniu a outros
objetores de consciência, que negavam se submeter aos mandos irracionais das
autoridades.
Foi
na região de Toulon que Carlo Aldegheri tornou-se anarquista, participando pela
primeira vez de debates e reuniões libertárias.
Para sobreviver na França, sem dinheiro e com fome,
começou a trabalhar como pedreiro, pintor e, por fim, como sapateiro – a
profissão que adotaria para o resto de sua vida e que, posteriormente, lhe garantiria
a sobrevivência.
Em
julho de 1924, ao participar de uma manifestação antifascista em frente ao
consulado italiano em Paris, Carlo Aldegheri foi atingido por uma bala
disparada pelos guardas do consulado. A bala atingiu o pulmão de Carlo que
mesmo caído, sangrando e quase sem consciência ainda era espancado pelos
guardas italianos. Se não fosse pela intervenção da polícia francesa, Carlo
Aldegheri teria morrido ali mesmo.
Após
conseguir recuperar-se dos ferimentos, Carlo passou pelos cárceres de La Sainté
e de Fresner (ambos em Paris), apesar de não ter cometido nenhum crime. Algum
tempo depois, Carlo recebeu anistia por sua condição de preso político, porém,
estava sob “Interdición de Localidad”, uma espécie de qualificativo de
periculosidade e, portanto, era muito visado pelas autoridades locais.
É
por essa razão que em 1932, ele mudou-se também para Sabadell, na Espanha, e no
ano seguinte, Carlo conheceu Anita e sua filha Primavera. Eles viveram juntos
durante três anos e, em seguida, registraram-se no civil.
Foi
quando, em julho de 1936, iniciou-se a Guerra Civil Espanhola e os anarquistas,
organizados na C.N.T. e na F.A.I. (Federación Anarquista Ibérica), lutaram com
a mesma intensidade contra o avanço do nazifascismo e por uma revolução social
verdadeiramente organizada pelos trabalhadores.
Era
uma situação na qual não havia como omitir-se, de forma que, Carlo Aldegheri
tomou parte nas frentes de Aragão, onde participava da Milícia Alpina de
Sabadell.
Durante
esse tempo, Anita continuou trabalhando na fábrica de tecidos e ainda cuidava
de sua filha Primavera. Quando faltava matéria-prima para seu trabalho, por
conta da fábrica, trabalhava como auxiliar em um pronto socorro, além de manter
sempre contato com os sindicatos. Tanto que Anita viajou sozinha para Barcelona
(já que Carlo estava participando das frentes de Aragão), para participar das
manifestações do enterro do revolucionário Buenaventura Durruti, em 21 de
novembro de 1936.
Com
o fim da guerra civil, a família Aldegheri estava novamente reunida e tiveram
que juntar-se à coluna internacional que estava fugindo para a França, com o
objetivo de escapar da vingança fascista que começava a vigorar na Espanha.
Quando
a família Aldegheri tentou passar pelo túnel que os levaria para a França,
perceberam que só liberavam a passagem de mulheres, crianças e feridos. Como a
família não queria separar-se novamente, Anita aproveitou que Carlo não tinha o
dedo indicador da mão direita e improvisou um “curativo” que fez com que a
família inteira conseguisse sair da Espanha.
Porém,
ao chegar na França, na condição de refugiados, a família foi novamente
afastada. Carlo foi enviado para um campo de concentração de refugiados. Anita
teve que trabalhar em uma fábrica de material de guerra, além de cuidar de
Primavera. Posteriormente, ela teve que trabalhar vendendo sapatos por conta
própria, em uma fábrica de acordeão e, por fim, em uma fábrica metalúrgica onde
produzia peças para carros. A maior parte dessas profissões eram muito
desgastantes e mal remuneradas.
Já
Carlo, havia sido transferido para o campo de Gairi, nos Alpes franceses e, em
seguida, para a Chácara de Dunkerque, onde Carlo trabalhou cavando trincheiras
e nas horas vagas como sapateiro. Quando os nazistas invadiram a França, os
militares alemães tomaram a Chácara de Dunkerque e fizeram todos os refugiados
caminharem à pé até a Holanda, Carlo nesta época já contava com 40 anos e teve
muita dificuldade para concluir esse percurso.
Ao
chegarem no porto de Rotterdan (Holanda), os refugiados foram embarcados para
um campo de concentração alemão em Bratislava. Justamente nesse período, por
causa de um acordo que Hitler fez com a Cruz Vermelha Internacional, Carlo
Aldegheri conseguiu retornar para a França, onde viveu durante alguns meses em
Reims, porém, acaba sendo extraditado para a Itália, onde esteve preso nos
cárceres de Verona (por 40 dias), Gaeta (na província de Nápoles) e, por fim,
na Ilha de Ventotene que fica no Golfo de Gaeta, Mar Tirreno. Foi nessa prisão
fascista, que Carlo teve como companheiro de cela um socialista chamado Sandro
Perttini, que posteriormente chegou a ser presidente da Itália.
Por
volta de 1943, Carlo e outros prisioneiros da Ilha foram transferidos para um
campo de concentração na província de Tresso, de onde Carlo conseguiu fugir
arriscando mais uma vez a própria vida.
Ao
retornar, com muito custo, para a Itália, Carlo retoma a militância anarquista
através da Companhia de Libertação Nacional e, como era uma figura de destaque
no Comitê de Verona, acaba sendo preso novamente, desta vez, no cárcere
fascista de Bolzano, onde, segundo o próprio Carlo, “só sobreviveu por causa de
seu ofício de sapateiro”. Carlo Aldegheri somente foi libertado dessa prisão
alguns meses após o fim da segunda guerra mundial.
Todo
esse martírio (que aqui contamos de forma bem resumida), durou longos nove anos
e nove meses, até que finalmente a família pode reunir-se novamente.
Com
muito custo, Anita e Primavera conseguiram vistos para Verona, na Itália, onde
encontraram Carlo na residência de seus familiares. Durante
o tempo em que viveram como refugiados, Anita escrevia para a família de Carlo
para poder ter informações sobre ele, já que o contato direto entre Anita e
Carlo era muito difícil por causa das circunstâncias.
Após
o fim da guerra civil, Anita não conseguiu obter mais nenhuma informação sobre
o paradeiro de sua família que ficou na Espanha.
Na
Itália, a família Aldegheri começou a reconstruir sua vida. Anita voltou à
trabalhar em uma fábrica como tecelã e Carlo continuou a desenvolver seu ofício
de sapateiro. Foram cinco anos até que a família decidiu mudar-se para o
Brasil.
Inicialmente,
Carlo veio sozinho para o Brasil e chegou ao porto de Santos no ano 1951. Após
muito trabalho, conseguiu enviar dinheiro suficiente para que Anita e Primavera
se mudassem definitivamente para o Brasil. Mãe e filha chegaram ao porto de
Santos em 14 de março de 1952.
Carlo
e Anita se dedicaram à fabricação de calçados, principalmente sandálias para os
turistas. Trabalharam literalmente dia e noite ininterruptamente, até
conseguirem se estabelecer e fixar residência no Guarujá, onde construíram uma
casa na Avenida Puglisi, 300 – fundos.
Em
1957, Primavera que havia se casado aos 19 anos retorna para a Itália, onde
vive até os dias de hoje.
Desde
que chegou ao Brasil, o casal procurou contato com os companheiros anarquistas
e logo começaram a participar das reuniões e congressos na Nossa Chácara/ Nosso
Sítio e do Centro de Cultura Social de São Paulo, onde (apesar da distância)
eram sempre dos primeiros a chegar.
Com
o êxito profissional, a família Aldegheri (que sempre teve uma vida
extremamente simples e honesta), obtinha recursos financeiros que investiam em
quantidade, sem hesitar, nas atividades promovidas pela Nossa Chácara e pelo
Centro de Cultura Social.
Inclusive,
a família Aldegheri chegou a comprar uma gráfica (em conjunto com outros três
companheiros) e um terreno no Guarujá como doação para o movimento libertário.
Além de ajudar até mesmo os companheiros que passavam por problemas econômicos
pessoais. Para a família Aldegheri, o que tinha valor mesmo, era a
solidariedade!!!
Isso
tanto é verdade, que o nome Aldegheri pode ser facilmente encontrado nas listas
de doações que foram publicadas no livro do escritor Edgar Rodrigues O Ressurgir do Anarquismo.
Ainda
em 1963, Carlo Aldegheri reeditou o polêmico livreto “PreAnarquia – Sugestões Práticas Sobre a Organização da Sociedade
Futura”, escrito originalmente em italiano, no ano de 1931, por Randolfo
Vella e, nesta versão, foi traduzido para o português por Alexandre Pinto.
Randolfo
Vella foi um anarquista italiano, companheiro de Errico Malatesta, que durante
o tempo em que morou na Espanha, teve uma convivência muito próxima à Carlo e
Anita e, pelo que consta, foi uma grande influência para o casal, além de
grande amigo.
Carlo
e Anita sempre foram anarquistas práticos, para eles não havia sentido em
discutir a teoria anarquista, se não houvesse como realizá-la.
Para
Carlo Aldegheri, “o anarquismo é uma luz que há no fundo do túnel”, é ser
“contra a autoridade porque a autoridade cria despotismo, cria classe e cria
injustiça. (...) É criar um mundo realmente de irmãos, não de hipócritas, como
se vive agora sob o nome da democracia, onde se cometem todas as injustiças
imagináveis, onde gente morre de fome trabalhando, enquanto poucos têm todas as
riquezas”.
Carlo
Aldegheri faleceu extremamente consciente de suas convicções anarquistas, aos
93 anos, no dia 4 de maio de 1995, devido uma parada cardíaca (entre outros
problemas) e, no dia seguinte, foi enterrado, de uma maneira modesta (conforme
sua vontade), no cemitério Jardim e Paz, no bairro do Morrinhos, em Guarujá.
Já
Anita Aldegheri, aos 107 anos de idade, ainda vive no Guarujá, com boa saúde,
extremamente lúcida e convicta de sua postura libertária. Anita ainda se lembra
com carinho dos romances, escritos pelo anarquista Federico Urales, que leu
durante a juventude na Espanha e que também lia durante o trabalho na fábrica
para uma companheira que não sabia ler. Lembra também dos comícios em que ouvia
os discursos revolucionários de Federica Montseny e Juan Garcia Oliver, assim
como dos encontros na Nossa Chácara/ Nosso Sítio e no Centro de Cultura Social.
Marcolino Jeremias & Liana Ferreira
Documento 2: Umanitá Nuova, nº 29, anno 93, de 06 de outubro de 2013
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