Recentemente uma série de perseguições e represálias vem ocorrendo
nos movimentos sociais em suas diferentes ações. O Núcleo de Estudos
Libertários Carlo Aldegheri, reconhece a legitimidade das lutas, acreditamos
que a luta por reivindicações, por melhorias, os protestos com objetivos e
propostas ou mesmo ações espontâneas não são crimes, são formas d@s indivíduos
e coletivos conquistarem melhorias e qualidades de vida, não apenas para o
hoje, para o agora, mas para as gerações futuras também. A partir disso,
publicamos comunicado enviados por companheir@s do Movimento Estudantil da FCL
de Araraquara, que vem sofrendo perseguições e processos jurídicos por meio dos
aparatos estatais. Segue nosso sincero voto de SOLIDARIEDADE aos companheir@s e
compartilhamos aqui seu manifesto e informe sobre a situação que vem ocorrendo
sobre o Movimento Estudantil de Araraquara.
COMUNICADO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL SOBRE REPRESSÃO E PERSEGUIÇÕES POLÍTICAS
O movimento
estudantil da UNESP-Araraquara, através de deliberação retirada em assembleia
geral, construiu greve e ocupação da direção da FCL, em luta por uma
universidade a serviço do povo. As ações foram realizadas em apoio à classe
trabalhadora e ao estudantado das três Estaduais Paulistas, se estendendo a
greve por mais de 100 dias, contra os ataques do CRUESP e do governo do Estado
à Educação Pública. Em Araraquara, estes ataques se evidenciam pelos cortes de
bolsas, pelas 38 expulsões da moradia estudantil, pelo reajuste salarial negado
ao setor técnico-administrativo, entre inúmeros componentes que fazem parte do
projeto de privatização em curso contra a educação pública, excluindo o povo
pobre do acesso à universidade. Os ataques se evidenciam também pela repressão:
no dia 20 de Junho de 2014, as estudantes e os estudantes que ocupavam a
direção da FCL foram reintegrados violentamente por descomunal força policial
(150 policiais as 4h30 da madrugada), que adentrou a ocupação munida de
armamento pesado, presença da tropa de choque, realizando diversas ilegalidades
(revistas ilegais, pressão psicológica, constrangimento, homofobia, agressões
verbais, e a própria condução para delegacia), fazendo parte de uma série de
violações de direitos empreendidas pela direção da FCL, sob tutela da REItoria.
Ocorrem também os processos punitivos, como sindicâncias e processos jurídicos,
que podem resultar em graves punições como explicaremos abaixo.
Passamos a
Copa do Mundo, que deixou amplo legado de destruição, desalojos, desterros,
prisões, tortura, repressão, e adentramos novo período de lutas, com o
fortalecimento das greves nas universidades, assim como uma nova escalada
repressiva. É agora, portanto, o momento de reafirmarmos nossa força,
unificando os setores em luta para conquistarmos nossas reivindicações, mas
para também defendermos quem luta e está passando por prisões, ameaças,
assédios e demissões.
Os governos
empreendem nacionalmente uma tentativa de reprimir a juventude, as
trabalhadoras e os trabalhadores que saíram às ruas em junho e em 2014. No Rio
de Janeiro foram 23 presos, que recentemente receberam habeas corpus, mas
seguem processados; no RS demitiram um rodoviário que fez greve, já ocorreram
diversas prisões arbitrárias, que vêm causando um escândalo em escala
internacional, na qual as pessoas são impedidas de manifestar e são presas de
maneira “preventiva”, sem provas, tendo suas casas invadidas, num estado dito
democrático onde teriam o direito de expressar e praticar suas posições
políticas. Percebe-se, entretanto, que a democracia é uma farsa, e atende
somente aos interesses das classes dominantes. Por isso seguimos lutando contra
a ofensiva dos governos em criminalizar as lutas.
No estado de
São Paulo, o governo Alckmin mandou prender, num dos atos contra a Copa do
Mundo, um trabalhador e estudante da USP, Fábio Hideki, com acusações forjadas,
levando-o à penitenciária do Tremembé em São Paulo. Ainda hoje, está preso Rafael
Braga, morador de rua e catador de lixo preso por portar Pinho Sol. Antes
disso, Alckmin colocou a polícia militar para reprimir trabalhadoras,
trabalhadores e manifestantes em atos e piquetes feitos para garantir o direito
de greve. Além disso, 42 metroviárias/os foram demitidos por lutar por melhores
condições de trabalho e transporte para a população. Demissões de caráter
unicamente político.
Na greve das
Estaduais Paulistas, por sua vez, que vêm resistindo bravamente, as duras
investidas do governo e da reitoria incluem corte de ponto aos funcionários
grevistas, tiros de bala de borracha a queima-roupa e gás lacrimogêneo! Além
disso, a reitoria da USP aprovou a demissão de 1700 funcionários, aprofundando
o projeto de privatização e as ofensivas contra aos trabalhadores e à educação
pública. Também aprovou a desvinculação do Hospital Universitário da USP, que
se configura um grande atentado à saúde pública. Os trabalhadores das estaduais
lutam por seus salários, mas também contra os governos e reitorias que ferem
diretamente os direitos dos trabalhadores e da população pobre. Por isso, não
permitiremos a repressão a quem luta!
Em Araraquara,
a repressão também já recomeça: três estudantes estão respondendo processo
judicial por realizar intervenções artísticas no vão dos Centros Acadêmicos,
espaço historicamente utilizado para manifestações livres, como indica a placa
nos muros do local. O curioso é que neste mesmo processo, está escrito que
estes tem histórico de problemas com a UNESP, e fizeram parte da ocupação da
reitoria, deixando claro que a motivação destas punições tem caráter de
perseguição política. Os estudantes terão de pagar individualmente um salário
mínimo caso não queiram ser condenados. Além disso, as sindicâncias para punir
@s estudantes que ocuparam a direção (incluindo até mesmo pessoas que não
estavam presentes) tem início. Foram abertas 17 sindicâncias, correndo o risco
de resultarem em expulsões da universidade, associadas a um processo civil onde
nomearam, arbitrariamente, 5 nomes como líderes, sendo que não existem
lideranças no movimento estudantil por ser este movimento organizado de forma
horizontal, não-hierárquica, de baixo pra cima. A abertura de processos
criminais também é provável, causando neste conjunto, irreparáveis danos
morais, psicológicos e financeiros contra @s estudantes, que precisam de
advogados, que precisam terminar o curso, e que podem receber penas graves,
incluindo prisões (um desejo do diretor Cortina), retirando primariedade de
réu, afetando todo o curso da vida futura. Em Rio Claro, o mesmo acontece.
Diante destes
fatos, chamamos tod@s @s estudantes da FCL para comparecer ao ato em frente a
Faculdade de Odontologia, segunda-feira, dia 8/09, às 13h30, onde irão ocorrer
as audiências das sindicâncias, para manifestar apoio @s que lutam, e lutar
contra a repressão. Onde um Estado cujas palavras de ordem são a arbitrariedade
e a violência, e onde a Lei é a inconstitucionalidade, para nós, que nunca
acreditamos na Justiça burguesa, o que nos fortalece é o apoio mútuo e as redes
de solidariedade. É urgente nos mobilizarmos em torno de uma campanha contra a
criminalização dos movimentos sociais e d@s lutadores/as em greve e ocupação
pelo fim imediato de todos os processos, inquéritos, expulsões e demissões.
NENHUMA EXPULSÃO OU DEMISSÃO D@S
LUTADORES DA GREVE DAS TRÊS ESTADUAIS E DA OCUPAÇÃO! BASTA DE PERSEGUIÇÕES @S
QUE LUTAM! PELO FIM DOS PROCESSOS POLÍTICOS! OS ATAQUES DA REITORIA E DO
GOVERNO DO ESTADO NÃO PASSARÃO! MOVIMENTO
ESTUDANTIL DA FCL-ARARAQUARA
Nenhum comentário:
Postar um comentário